quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Índia: o festival de cores (1)



A Índia... é difícil saber por que ponta começar a narrativa. E principalmente como descrever a Índia, tarefa difícil até para escritores profissionais, como Moravia, ou mesmo os filhos da terra, como Tagore ou Rushdie.

A Índia é um país imenso e povoado por uma imensidão de gente. Um festival de cores, uma orgia para os sentidos, um fluxo contínuo de contradições. Algo que faz parte do nosso imaginário e da nossa história partilhada. Uma terra de excessos: do mais espantoso e fabuloso ao mais nebuloso e macabro, lado a lado, separado milimetricamente.

Melhor é começar por apresentar os aspectos práticos para o viajante, prosseguindo posteriormente com os detalhes da viagem.


O viajante que pretenda viajar independentemente, o que será a melhor maneira de o fazer, não se iluda. É uma viagem que se recomenda apenas a viajantes muito experientes. É um destino que exige muito planeamento (eu e a minha mulher planeámos milimetricamente esta viagem  durante seis meses) e  muita informação. Não posso deixar de insistir neste detalhe: quanto mais e mais variada informação, melhor. É um destino que não se compadece com o improviso e com os desprevenidos. E o factor antecipação é essencial: muitos dos lugares em viagens de comboio (que é possível reservar online) estavam já lotados três meses antes.

Recomendações quanto a literatura para a preparação da viagem:  

-Guia "Lonely Planet" para a Índia. Há também guias mais detalhados da mesma editora para partes específicas do país.

-Guia "Rough Guide" para a Índia.

-Guia "Insight" para a Índia. Não muito útil para os aspectos práticos da viagem, mas bem ilustrado e bem documentado quanto aos aspectos culturais, sociais e um boa fonte de informação para as fases preparatórias da viagem.

-Toda a informação possível e imaginária, desde blogues de viajantes (especialmente os do www.travellerspoint.com), com especial destaque para os extremamente úteis vídeos de Emil Kaminski, produtor independente dos vídeos de viagem mochileira Moonkeetime.

No geral, há boas condições de segurança na maior parte do país, sendo necessário no entanto planeamento e cautela nas deslocações a determinadas regiões (especialmente Caxemira). As mulheres devem evitar deslocar-se sozinhas e devem vestir-se de forma conservadora, evitando exibir decotes amplos, pernas e o antebraço. É um país muito hostil a LGBT, sendo recomendável especial precaução. De uma maneira geral, a principal preocupação que o turista terá em matéria de segurança será evitar ser burlado. Para além de senso comum, convém, para cada destino informar-se previamente (os melhores guias de viagem, como os referidos, têm vastos catálogos) de quais são as tácticas mais empregues pelos burlões. A lista é infindável, e o próprio autor que vos escreve, jurista encartado, com todas as cautelas, não conseguiu evitar  ser burlado em pagar um bilhete de entrada inexistente para a mesquita de Delhi. Entre burlões e mendigos, é necessária muita paciência e evitar dar esmolas (só atraem mais pedintes e as ONG credíveis com o objectivo de melhorar a qualidade de vida dos indianos abundam).

As infra-estruturas sanitárias e de saúde oscilam, como tudo na Índia, entre o excelente e o deficiente; é vivamente recomendado, dependendo da região a ser visitada, medidas de precaução relativamente a doenças tropicais (Dengue e Malária)- repelente de mosquitos com DEET. Nem pensar em profilaxia da malária que não é necessária para estas partes- coisa agressiva e não vantajosa de uma análise risco-benefício para a maior parte da Índia. Nos meses mais quentes, precaução acrescida no que se refere à alimentação. Convém subscrever um seguro de saúde.


Isto dito, a Índia é um país que, não sendo fácil de visitar, é extremamente compensador e oferece uma experiência de humanismo incomparável.

Em tempos de crise, é sempre necessário ter em conta o aspecto financ€iro. A Índia, com uma classe alta e uma classe média dinâmicas, oferece, em algumas regiões, serviços de qualidade a preços acessíveis para um ocidental. Para orçamentos mais reduzidos existe também uma oferta de qualidade espantosa: o que exige muito estudo, a ocasional decepção e a sujeição ao tradicional dilema do viajante: tempo vs. dinheiro. Considerando que a viagem para a Índia é cara, quanto mais tempo o viajante tiver, melhor. Muitos custos são reduzidos ficando mais tempo no mesmo sítio, viajando em transportes mais lentos, etc. De qualquer forma, uma viagem bem planeada de duas a três semanas na Índia pode ficar ao mesmo preço que duas semanas no Algarve. E daqueles de entre os leitores que tiverem filhos: os Indianos adoram crianças (e acham muito estranho porque é que pessoas na casa dos 30 não têm filhos; para os que viajam com crianças é o ideal desbloqueador de conversa) e, com bastante planeamento, é possível criar um itinerário adequado à pequenagem.

Um dos aspectos mais interessantes da Índia é a gastronomia. Variada, saborosa e exótica, é um dos aspectos (pelo menos da minha perspectiva) mais interessantes de uma viagem à Índia. Quanto a isso, falaremos nos próximos posts. Mas não tenham receio os potenciais viajantes: come-se bem, dos sítios mais simples aos mais requintados. Aterrando na Índia, nada melhor que adquirir o guia de restaurantes do "Times of India", jornal local com recensões feitas por locais. Não tendo referências de restaurantes numa determinada localidade, procurar um restaurante limpo com filas de locais à porta.

Não querendo saturar os leitores com factos, acompanho o post de algumas fotografias dessa viagem.
No próximo post, seguirão mais detalhes desta ambiciosa viagem.
















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